segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A posição do PSD sobre o recuo do governo no estatuto do aluno.




Para travar a justa indignação que alastra pelas escolas, o Governo decidiu recuar e alterar, por Despacho, a Lei que pela mão da maioria socialista aprovou o Estatuto do Aluno.
Disse a senhora Ministra que o seu Despacho visa simplificar e interpretar o espírito da Lei, uma vez que as escolas estavam a aplicar mal alguns artigos do Estatuto.
Na sua declaração, a senhora Ministra procurou atirar a culpa para cima das escolas e dos seus agentes - os professores - que não sabem interpretar ou compreender a bondade de uma Lei que afinal estava errada.

Trata-se de mais um exercício de pura desonestidade política e arrogância intelectual.

As escolas mais não fizeram que adequar os seus regulamentos internos à Lei que o PS solitariamente aprovou.
E vale a pena recordar que o PS aprovou uma Lei que, em matéria de faltas, deliberadamente baniu a distinção entre faltas justificadas e faltas injustificadas.
O Estatuto diz expressamente “Sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas, atinja um número de faltas…. deve realizar uma prova de recuperação”.

O PSD sempre se opôs a esta opção legal errada.

Como foi público durante a discussão no Parlamento, o PSD esteve contra o fim da distinção de faltas justificadas e injustificadas que o Governo e a maioria, do alto da sua arrogância quiseram impor. Mais, avisámos que tal opção iria ser foco de conflito dentro da escola, como infelizmente se tem vindo a verificar.
Vir hoje a senhora Ministra, dizer que a intenção da Lei era de que a prova de recuperação não se aplicasse aos alunos que faltam justificadamente, nomeadamente por doença, é desonesto e revela uma total falta de pudor.
O exemplo das faltas por doença foi por nós diversas vezes utilizado no debate parlamentar, tendo o PS sempre recusado alterar esse aspecto na Lei, teimando que o modelo tinha que ser igual para todos.

Agora, ao sentir-se encurralada e sem saída, a senhora Ministra em vez de assumir o erro procura responsabilizar as escolas e os professores pela aplicação de um regime que é da sua exclusiva responsabilidade.
Esta atitude demonstra uma inqualificável falta de vergonha: fizeram uma má Lei mas agora a culpa é de quem tem de a aplicar.

É com estas atitudes que cada vez mais se acentua o divórcio entre o Governo e a escola.
Na concepção da senhora Ministra o Governo não erra, as escolas é que são pouco inteligentes.
É o desnorte a tomar conta da 5 de Outubro.

O Governo que agora procura por despacho rejeitar o cumprimento da Lei, é o mesmo que se obstina num modelo de avaliação que não serve, com o argumento de que a Lei é para se cumprir.
O Estatuto do Aluno aprovado por esta maioria é mau.
Durante o debate deste diploma o PSD apresentou muitas propostas, todas recusadas, e distanciou-se das opções do Governo e do PS.
Se o Governo quer agora alterar o Estatuto do Aluno, é bem-vindo. Deve é fazê-lo como deve ser: por alteração da Lei, na Assembleia da República, e não por um mero Despacho ministerial, feito ao Domingo com a pressão de ter de travar manifestações.

Exigia-se outra humildade e outro bom senso, para restituir a tranquilidade que é tão necessária ao bom funcionamento das nossas escolas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo plenamente, esta atitude da Ministra é no mínimo uma verdade desonestidade para as Escolas.
Se o objectivodo Despacho era fazer uma interpretação da Lei, todos sabemos que não é essa a forma a ser utilizada,mas sim uma Lei ou um Decreto-lei.
Mas nem com este aspecto a srª Ministra se preocupou! Apenas recuar e evitar outras consequências no imediato.
Só quem participa nas reuniões nas Escolas é que pode observar toda a complexidade que envolveu a aplicação desta nova legislação!!!
e depois ainda são chamados de ignorantes!!!
Perante este facto, seria de perguntar à Sra Ministra se os nossos alunos estão aser ensinados por ignorantes??!!