domingo, 22 de janeiro de 2012

O VENDEDOR DE PROMESSAS


«São hoje visíveis no nosso concelho os problemas crescentes relacionados com: as funções económicas da cidade, a fragmentação da malha urbana e a ausência de práticas de cooperação e concertação adequadas, lógicas imobiliárias especulativas, degradação do ambiente físico e social, problemas de mobilidade, o desordenamento e consequente abandono dos espaços rurais, a não utilização de equipamentos e infraestruturas numa lógica de complementaridade e a degradação e abandono do centro histórico da cidade. Enfim, a falta de brilho e a baixa autoestima com que a Figueira da Foz se depara hoje, faz-nos acreditar de novo que pode haver um novo rumo».

É com este pequeno texto que se inicia o programa eleitoral do Partido Socialista às últimas eleições autárquicas. Se era esta a opinião do PS, importa perguntar o que mudou ao fim de dois anos, para além do arrependimento de muitos dos 38% de eleitores que neles votaram. Hoje, o texto do PS ganha uma atualidade inesperada e indesejada.

Quem, como João Ataíde, iniciou a campanha a dizer que «o tempo das promessas está ultrapassado» e a terminou com outdoors prometendo «ciclovias e circuitos pedonais; manuais escolares e rastreios de oftalmologia e dentista gratuitos no 1º ciclo; festival internacional de cinema; gala dos pequenos cantores; festival de música; mundialito de futebol; mundial de surf; devolver o coreto ao jardim; corredor verde e a aldeia do mar», deixava prever que não podia ser levado a sério.

Nem mesmo a situação financeira da Câmara pode servir de argumento porque, apesar de ser grave, era do conhecimento de João Ataíde durante essa campanha. O candidato do PS afirmava então: «quanto mais me inteiro dos dossiers da câmara, mais me preocupo. A prioridade tem que ir para o saneamento financeiro porque a situação financeira da câmara é dramática».

Ou seja, não obstante ser conhecedor da situação financeira do Município, abandonou a ideia de que não faria promessas, para prometer o céu a terra e assim vencer as eleições. Ganhou os votos, não ganhou a confiança. Verifica-se agora, que não tinha a mínima ideia de como poderia cumprir tais promessas, porque nem uma se cumpriu. Aliás cumpriu uma: a da Aldeia do Mar. Efectivamente a cidade está hoje transformada numa aldeia.

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