terça-feira, 18 de março de 2008

Com 30 Anos de Atraso


Deputado mete requerimento para saber da escada de peixe
A obra da escada de peixe no Açude-Ponte do Rio Mondego está encalhada há vários anos. O deputado Miguel Almeida, em concordância com os autarcas de Montemor-o-Velho, Coimbra e Penacova e o líder da Região de Turismo do Centro, vai, agora, meter um requerimento na Assembleia da República a pedir informações ao Governo sobre a obra

Miguel Almeida, deputado do grupo parlamentar do Partido Social Democrata (PSD) eleito pelo círculo eleitoral de Coimbra, vai apresentar um requerimento na Assembleia da República (AR) a solicitar esclarecimentos sobre a escada de peixe no Açude-Ponte do Rio Mondego. Uma decisão comunicada na reunião realizada ontem, em Coimbra, onde, além de Miguel Almeida, marcaram presença Carlos Encarnação e Maurício Marques, presidentes das autarquias de Coimbra e Penacova, respectivamente; António Saltão, vereador da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho; e Pedro Machado, presidente da Região de Turismo do Centro.
«O objectivo foi perceber como devia actuar na questão da escada de peixe. Decidi apresentar um requerimento para que o Governo informe para quando, como e com que dinheiro pretende fazer a escada de peixe», revelou o deputado do PSD na AR, que, de seguida, apresentou argumentos que justificam a tomada de posição: «Em causa está, por exemplo, a preservação da lampreia, espécie importante para o desenvolvimento do cartaz turístico e gastronómico dos concelhos de Montemor-o-Velho e Penavoca, além de questões ambientais e de biodiversidade».
A obra, que representa 2,5 milhões de euros de investimento, impõe, segundo Miguel Almeida, «uma solução rápida». «Além do requerimento, vou fazer uma carta dirigida ao presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro [CCDRC] para dar nota das nossas preocupações», revelou o deputado na AR, que também vai questionar Alfredo Marques sobre «o que pretende fazer com o dinheiro do Quadro de Referência Estratégico Nacional [QREN]», solicitando, ainda, «a articulação com outros organismos para fazer a candidatura» do projecto às referidas verbas.
«O mais lógico é ser a CCDRC a candidatar-se. Não me interessa quem faça. É preciso é fazer», afirmou Miguel Almeida, que não tem dúvidas de que «o que falta é a actuação do Governo», reafirmando a necessidade de «avançar rapidamente com a obra». Quase sem interrupções, o deputado garantiu ter «propostas para fazer ao Governo da maneira como entende que este pode financiar a obra». «É lamentável que ali esteja uma escada de peixe feita há 30 anos, que nunca contribuiu para a reprodução normal das espécies e criou graves problemas. Caso nada se faça, a lampreia corre riscos», lamentou.
Miguel Almeida divulgou a intenção de «fazer outras “demarches”», de modo a que «seja criado um grupo de trabalho para que se possa perceber a razão do estado lamentável, em termos de assoreamento, que está o Rio Mondego». Antes de terminar, o deputado na AR lembrou já ter apresentado «um projecto de resolução para o Baixo Mondego, que foi aprovado por unanimidade em plenário e onde já falava da escada de peixe».

Importante para toda a região

Em declarações ao Diário de Coimbra, Carlos Encarnação revelou que «o requerimento tem sentido», uma vez que «o projecto está feito e é altura de o aplicar». O presidente da Câmara Municipal de Coimbra lembrou tratar-se de «uma pretensão de há muito tempo», antes de garantir que «tem faltado iniciativa da parte dos governantes» para construir a escada de peixe.
Por sua vez, Maurício Marques disse que gostava que «o requerimento fosse o impulso decisivo para termos a escada de peixe», sublinhando que «temos apoiado todas as iniciativas que põem este assunto na ordem do dia e, desde que façam com que seja falado, já é bom», depois de admitir que «um deputado não tem capacidade para mandar construir a obra, mas sim o ministro do Ambiente».
O presidente da Câmara de Penacova afirmou que, caso a escada de peixe não seja construída, «não é só Penacova que perde, mas toda a região». «São espécies demasiado importantes para que alguém diga que não é beneficiado com isto», garantiu, antes de concluir: «Se não se fizer rapidamente, Penacova é duplamente prejudicada. Além de estar em causa a reprodução de espécies, a lampreia é um dos nossos ex-libris».
António Saltão, vereador da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, em representação do presidente Luís Leal, também participou na reunião, mas, apesar de várias tentativas, não foi possível obter o seu comentário sobre este assunto. O mesmo se aplica em relação a Pedro Machado, presidente da Região de Turismo do Centro.

( In Diario de Coimbra)

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